Jamile era aquilo que todo mundo queria que ela fosse.
Para a mãe, Jamile era a filha virgem que não bebia e cumpria os horários.
Para o irmão caçula, Jamile era a garota imatura, mas cuidadosa e protetora.
Para o namorado, Jamile era a moça de valores morais, doadora de prazer.
Para o amante, Jamile era a mulher íntegra, de moral inquestionável, receptora de prazer.
Para o chefe, Jamile era a funcionária responsável, que abre mão de festas e feriados pela prosperidade da empresa.
Para os amigos, Jamile era a bêbada engraçada, depravada, irresponsável, que vivia imersa numa solidão profunda, querendo desesperadamente agarrar com as mãos seu traiçoeiro prazer de fumaça.
Jamile era aquilo que todo mundo queria que ela fosse.
Jamile, coitada, só não era ela mesma.
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